1993 – Quando um turista chega a Salvador com mil dólares e os despende na visita aos monumentos coloniais, nos hotéis, nos táxis ou nos restaurantes, ele está criando um rendimento interno equivalente aos mil dólares. Do ponto de vista formal, o mesmo rendimento é criado pela exportação de mil dólares de cacau. Mas compare os efeitos sobre o nível de atividade, sobe a distribuição de renda das atividades. O poder “multiplicador” de emprego é muito maior e a distribuição de renda muito melhor na atividade turística.
Esse exemplo mostra as imensas vantagens dos países que se prepararam par um movimento turístico importante (como a Itália, a França e a Espanha) que recebem milhões de turistas por ano e qu3e se beneficiam do dispêndio de bilhões anuais, “exportando” bens públicos (que podem ser consumidos ao mesmo tempo por todos, como por exemplo a contemplação do Coliseu) sem nenhum custo, a não ser a sua conservação, além da sua comida e de sua cultura. Depois da renda movimentada internamente , fica o “resíduo de divisas”, que o país pode utilizar para importar bens de capital e tecnologia de ponta. Como é formidável e agradável poder “robotizar” a indústria em troca de uma macarronada. Por que não podemos fazer o mesmo com o acarajé?
Antonio Delfim Neto, ex-ministro, deputado federal – Turismo é Indústria (ABAV) – Outubro de 1993