1944 – Um certo negociante de Fortaleza, tendo resolvido colocar no tráfego de passageiros e carga, entre essa capital e Recife, um “novo e confortável caminhão mixto de duas boleias”, teve a ideia inquestionavelmente original de apôr ao mesmo o nome de “Ceará Clipper”.
Com esse gesto demonstra mais uma vez quanto é simpática e popular a denominação aplicada pela Pan American Airways, empresa de que se originou a Panair do Brasil, aos grandes hidroaviões com que, desde 1930, faz a ligação entre os Estados Unidos e o nosso país e a Argentina. /e não temos dúvida de que o ativo cearense da rua Floriano Peixoto 402, tudo envidará para que o seu “Clipper” de quatro rodas seja tão eficiente e seguro quanto os que pretende homenagear.
A propósito, vale a pena lembrar que o nome “Clipper” esteve muito em uso no passado, quando designava certa classe de veleiros, em cuja construção se especializaram os Estados Unidos durante a primeira metade do século XIX. As linhas gerais da embarcação haviam sido copiadas aos franceses. E incerta é a origem do nome em inglês. Há os que dizem que vem de “clip” – tosquiar, aparar. Outros afirmam que a palavra foi criada pelos poetas Shelley e Burns. O caso, porém, é que tais embarcações marcaram época, com sua silueta esguia, a proa aguda, os três mastros inclinados para traz e sustentando velas de corte retangular, que lhes imprimiam uma grande velocidade, virtude que fez a fama de tantos “clippers”, entre eles o maior de todos, construído em Baltimore, em 1833, com um deslocamento de 494 toneladas e batizado de “Ann Mckim”.
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Panair em Revista, março de 1944