1947 – um ano de grande importância no desenvolvimento da nossa aviação comercial. Aquele dínamo que foi a Real, completou seu primeiro aniversário e a pioneira do centro-oeste, a Nacional, reunindo as forças da Avibrás e da Central Aérea, levava a diante um trabalho de titãs, ligando a Belo Horizonte e ao Rio, grande numero de municípios cuja prosperidade ajudou a construir. Foi um ano de desbravamento também no norte do país, com estudos para a constituição da Aeronorte.
Quase que diariamente se repetia o espetáculo da população de uma localidade, perdida na vastidão brasileira, reunir-se em peso no campo de aviação para assistir à chegada e à partida daqueles C-47s de cauda abóbora, pilotados por gente máscula, sem apoio de infraestrutura e arrostando a bola de cristal de uma meteorologia empírica.
A crônica não esquecerá nomes como Leipner, Lloyd, Donghia, Ernesto, Cirano e tantos outros que fizeram o calendário da aviação. Muitos já não voa mais e, após executado esse trabalho pioneiro, dedicam-se a outras atividades. Alguns, como Murilo Marx, deixaram, de modo indelével, seu nome da lápide do sacrifício. A grande maioria, porém, continuam trilhando os céus brasileiros, no quase anonimato dos amálgamas verificados, posteriormente, em nossa aviação comercial. É um imperativo do progresso e uma necessidade nacional, embora devamos sempre lembrar o esforço individual executado.
Cmte. Altino – Guia Aeronáutico – Janeiro de 1962