“Descobri que minha arma é o que a memória guarda dos tempos da Panair”, frisam os versos de “Conversando no bar”, canção composta pela dupla Milton Nascimento e Fernando Brant na vigência do Ato Institucional nº 5. Panair do Brasil. No passado, um nome tão ressoante no país que, para os brasileiros, era sinônimo de aviação. Mais até do que isso. A Panair era um padrão: o “Padrão Panair” de qualidade, algo nunca antes atingido e, depois, jamais igualado. No presente, é uma lembrança saudosa dos tempos de outrora, de quando voar era elegante, gramouroso, diferente, especial.
Dada essa projeção, soa estranho para alguns que a história de seu fechamento – imposto a toque de caixa pelo regime militar, em fevereiro de 1965 – ainda permaneça cerca de obscurantismo. Para poucos, pode parecer passadista e pouco útil recordar o mal explicado desaparecimento da empresa. No entanto, à medida que a sociedade, analítica, recorda os quarenta anos do Golpe de 1964, e que famílias de desaparecidos políticos ainda buscam respostas par os eventos que se desenrolaram naquele período, torna-se pertinente ventilar o assunto. O que motivou o assassinato da pessoa jurídica Panair do Brasil S.A.? O que havia nela que tanto desagradava os “revolucionários”? E por que até hoje pouco foi feito para reparar os representantes da empresa?
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Daniel Leb Sasaki – Pouso Forçado – A história por traz da destruição da Panair do Brasil pelo Regime Militar – Editora Record – 2005