Estamos acostumados a evocar os nomes daqueles vultos que se tornaram pioneiros da aviação transoceânica, como sejam Saccadura Cabral, Gago Coutinho, Koehl, Huenefeld, Lindberg e um punhado de “azes” da aeronavegação do desennio passado. Seus feitos continuam brilhando na história da conquista do ar, pois, naquella época, em que cominaram os chamados “raids” aéreos, não era coisa vulgar uma travessia oceânica em apparelhos que, sob o ponto de vista moderno, apresentavam um coefficiente de segurança e “performance” em muito inferior ao dos apparelhos empregados nos nossos dias.
Por isso, cabe a nós render homenagens aos que, a despeito de tantas circunstâncias desfavoráveis, lançaram-se com optimismo e fé em empreendimentos que, então, só dependiam do acaso.
Hoje, o avião está consideravelmente aperfeiçoado, de modo a offerecer o maximo de efficiência e um raio de ação que surpreende. Há mesmo quem affirme que a construção de aviões já chegou a uma encruzilhada, onde é preciso tomar uma orientação sobre os novos rumos a seguir, pois os recursos habituaes parecem quasi exgotados. Os aeronautas de outrora devem mesmo sentir a enorme differença entre os frágeis e desconfortáveis aviões em que realizaram suas façanhas e os grandes pássaros metálicos que cruzem os céus nos nossos dias, com um instumentario completo e dotados de uma força motriz cino a dez vezes maior.
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Revista Aérea Condor, Anno VII, nº 2, 1937