Rita dos Santos, mulher serena, pernambucana de Recife, dona de um talento inigulável com as panelas e temperos, não podia imaginar até onde chegaria seu simples, mas saboroso cardápio de feijão, arroz, bife, ovo e salada.
Ela foi a primeira cozinheira do “Clube do Feijão Amigo”, que hoje conta mais de 10 mil associados, espalhados pelos quadro cantos do mundo.
O “clube” nasceu por acaso, assim como outras grandes ideias do homem.
Na quinta-feira chuvosa de 14 de fevereiro de 1980, os empresários Adel Auada e Wilson Calabresi, acompanhados do jornalista Joel de Andrade Lóes, foram visitar Michel Tuma Nesse, o “Michelão” como é conhecido, na sede da Status Turismo, no coração de São Paulo.
Como “Michelão” não estava, eles aguardaram na recepção da agência. Chegava a hora do almoço e os três, envolvidos numa calorosa discussão sobre os rumos do turismo brasileiro, ficaram embriagados com o delicioso cheiro de comiga que emanava da cozinha da agência. Para alegria dos visitantes, surgiu o esperado convite:
— Vão ficar pro almoço? Perguntou Dona Rita.
Os três se entreolharam e responderam simultaneamente um sonoro SIM!
A refeição era tão boa que o grupo marcou uma nova reunião para a semana seguinte, por coincidência na hora do almoço. Desta vez, o publicitário Cláudio Aidar também veio e sugeriu a realização de almoços mensais para alguns convidados.
“Michelão”, que tinha o costume de reunir informalmente sua equipe de vendas às sextas-feiras, gostou da proposta e decidiu organizar almoços semanais para troca de ideias com o pessoal do turismo, mas com uma condição: era proibido falar de trabalho corriqueiro, tarefas burocráticas, preocupações menores! Nascia o famoso “Clube do Feijão Amigo”, que anos depois tomou proporções imagináveis por seu fundadores.
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Roberto Pinto – Livro “Clube do Feijão Amigo – Histórias e Estorinhas”, de Adel Auada, 2001.