Antes de chegar ao ápice da crise neste ano, a companhia aérea Varig já vinha sofrendo problemas internos há algum tempo. Um dos motivos, acredita-se, está na defasagem dos preços das passagens acumulada nos governos de José Sarney (1985-90) e Fernando Collor (1990-92). No segundo mandato FHC, com a instabilidade cambial, a Varig continuou a enfrentar dificuldades financeiras.
Em 2000, foi criada a Varig Log, ex-subsidiária de transporte de cargas da Varig, que já tinha se tornado a terceira maior empresa do grupo. Para piorar a situação, a concorrência crescia, principalmente de empresas como a TAM e a GOL. A crise se agravou no mesmo ano. Desde aquela época, a empresa teve nove presidentes, reforçando assim um dos principais motivos que desencadeou a crise: a má gestão da companhia.
Depois da onda terrorista, como o atentado de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, o preço dos seguros disparou e caiu a procura por viagens internacionais – mercado em que a Varig dominava.
Em abril do ano passado, a empresa GOL ultrapassou a Varig na participação no mercado doméstico. Em novembro, a estatal aérea portuguesa TAP e investidores brasileiros formalizaram a compra das subsidiárias Varig Log e VEM (responsável pela manutenção), o que garantia o pagamento a credores internacionais. Mas foi em janeiro deste ano que a crise atingiu um patamar insustentável. Credores aprovaram o texto final do plano de recuperação judicial da Varig, que previa a criação de Fundos de Investimentos e Participação (FIPs), visando novos investidores para permitir a conversão de dívidas em ações.
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Revista Época – 28 de julho de 2006