Setembro de 1996 – TAM – Taxi Aéreo Marília, operadora de jatos executivos Cessna Citation, a qual é hoje a nossa empresa holding, foi fundada na cidade de Marília em 1961. Nela comecei a trabalhar em 1963 e nunca mais consegui desvincular-me dessa sigla que considero mágica. A TAM – Transportes Aéreos Regionais, foi fundada em 1976, com o objetivo essencial de operar em linhas regulares regionais.
Lembro-me do dia em que o ex-presidente Ernesto Geisel, no pátio da Embraer, em São José dos Campos, apresentou ao Brasil as cinco novas empresas regionais formadas, e de uma conversa que tive com o então diretor do DAC, ilustre Brigadeiro Deoclécio Lima de Siqueira, por quem nutro grande respeito, quando ele, pegando meu braço, disse: “Se após tudo isso, apenas uma empresa vingar, florescer e se desenvolver, eu me darei por satisfeito”.
Evidentemente, enfrentamos muitos problemas, e a sobrevivência da TAM, muitas vezes, esteve ameaçada.
Em 1979 e em 1982 o Governo promoveu duas maxidesvalorizações do cruzeiro em 30%. Num período muito curto de tempo, tivemos o aumento de nossa dívidas em dólares em mais de 60%, e a não correção tarifária, nos níveis necessários para sustentar aquelas providências, levou as empresas comercias brasileira a um beco sem saída. Começou aí, a meu ver, a grande turbulência que afetaria o setor, período que se convencionou chamar de década perdida.
Posteriormente, a partir de 1985 e 1986, enfrentamos o centralismo econômico, quando as tarifas foram congeladas 38% abaixo do seu ponto de equilíbrio, e a demanda, por força do congelamento, explodiu incontrolavelmente, levando muitas empresas ao equívoco de pensar que somente passageiros a bordo ou lugares ocupados seriam a solução para os graves problemas econômicos que estavam se acumulando.
Num supremo esforço, tivemos que reduzir nossas linhas de ofertas de opções e tratar de sobreviver até que passasse o irrealismo econômico com que a Nova República nos brindara.
Finalmente, em 1990, com o único capital que nos restara – a credibilidade – tão necessária para sobreviventes, conseguimos trazer os dois primeiros Fokker 100 para o Brasil, passando, a TAM, a contar com uma ferramenta que daria suporte às nossas intenções e ao nosso objetivo de fazer as coisas da melhor maneira. A partir daí, mas pessoas passaram a acompanhar mais de perto a história da TAM, sabendo, por conseguinte, do efeito produzido por esse notável equipamento em nossa rede de linhas e pela vontade inquebrável de todos em manter nossa bandeira no ar.
Os desafios se sucederam, mas, um a um, foram vencidos, sendo que nesses 20 anos a TAM não recorreu, uma vez sequer, aos cofres públicos, a relacionamentos incestuosos, ou a situações que pudessem colocá-la fora das colunas econômicas dos jornais diários.
É claro que devemos isso, em primeiro lugar, aos nossos Clientes, que jamais deixaram de acreditar que a TAM cumpriria seus compromissos com eles, da forma ética com quem fizemos. Devemos isso, também, aos nossos companheiros de trabalho que, além de excelentes profissionais, foram verdadeiros heróis quando, por vezes, não tínhamos qualquer recurso em caixa para o dia do pagamento.
Nesta primeira etapa prestamos contas do n osso trabalho.
Conseguimos: 11.324.399 passageiros transportados – lotaria o Estádio do Maracanã 57 vezes;
609.429.10 horas voadas – daria para fazer 4.232 viagens ida e volta à lua;
201.830.668 km voados – daria para ir e voltar de Miami 15.353 vezes.
Por isso, neste ano, estamos usando como slogan: “20 anos – orgulho de ser brasileira”. Cumprimos o nosso dever. Obrigado, brigadeiro Deoclésio, por ter-nos indicado o caminho.
Rolim Adolfo Amaro, presidente da TAM, setembro de 1996