Ruben Berta, o homem e o mito

Filho de Martin Felix Berta e Helena Maria Lenz, neto de húngaros e alemães, Ruben Martin Berta nasceu em Porto Alegre, em 5 de novembro de 1907. Dinâmico desde a infância, já no início de 1927 frequentava o curso de medicina, mas resolveu atender a um curioso anúncio de emprego de uma companhia em implantação, a Empresa de Viação Aérea Rio-Grandense.

Apareceram poucos candidatos e Berta foi escolhido, tornando-se, aos 19 anos, o primeiro funcionário da Varig. Segundo Otto Meyer, fundador da companhia, Berta nada lhe perguntou sobre salário, tarefas ou extensão da jornada de trabalho. Nascia ali a carreira de uma das mais importantes figuras das aviação brasileira, uma história que Ruben Berta e a Varig viveram juntos por 40 anos.

Na Varir, foi guarda-livros, datilógrafo, carregador de malas, despachante, quase tudo, até chegar à Presidência. Espírito inquiridor, curiosidade insaciável, memória prodigiosa, tudo o interessava, da manutenção de aviões à botânica, da agricultura à mineralogia. Mas foi, sobretudo, um apaixonado pela educação, pela formação profissional.

Em 1945, já presidente, criou a Fundação dos Funcionários da Varig, com uma estrutura e finalidade inéditas no país: prover benefícios aos funcionários e parentes, preferencialmente co recursos dos lucros da empresa. Para isso, convenceu os acionistas a doarem 50% das ações para a entidade, mais uma dotação em dinheiro próxima ao valor dessas ações, para que a Fundação pudesse operar logo. Foi aumentando essa participação até a Fundação, que depois levaria seu nome, controlar 87% do capital votante da empresa.

Participou ativamente da vida política e econômica do país até a morte, em 14 de dezembro de 1966, escrevendo teses e fazendo conferências. Meses antes de morrer, recebera uma carta do amigo Juscelino Kubitschek, dizendo: “Foi o único homem que não nos pediu nada, não propôs nada e, quando convidado para Ministro, deixou o Presidente três dias à espera de resposta para, afinal, recusar”.

70 Anos de História – A evolução da aviação comercial brasileira – SNEA

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